(IM)PACIENTE
Após as primeiras peguntas de praxe
O terapeuta perguntou-lhe delicado: Qual é sua história pessoal, E qual é a situação atual? Ela pensou que ficaria em silêncio, Mas agitou-se no divâ, e em voz exaltada Tomada pelo "arquétipo de uma persona" Totalmente desconhecida de si, gritou: Tenho medo...Medo...Muito medo... E não me diga frases de efeito como:Tenha fé! Tenho medo de não ser nada...De ser inútil... De ter nascido em vão, num mundo insano Com antepassados manipuladores, perdidos, Sequiosos de poder e de medo de morrer. Talvez mentores de uma porção de mentiras Ditas éticas, complicadas, para nos confudir: A todos nós, a meus pais que estão a dormir Junto a outros que um dia esperavam vir Ou que iriam renascer para serem julgados E nos tornamos nisso que estamos aqui Seres cheios de fugas, receios, ilusões Onde só estão bem quem está embotido De condicionamentos, com grilhões mil Aglutinados em instituições, doutrinados E...e...e...e...Desculpe-me não estou bem Não quero ir mais além.Levantou-se e foi-se! Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 06/08/2016
Alterado em 06/08/2016 |