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BIODIVERSIDADE - ECOSSISTEMA DE RESTINGAS E MANGUEZAIS
Restingas são as  diferentes formações vegetais que se estabelecem sobre solos arenosos na região da planície costeira. Esses ecossistemas são determinados fisicamente pelas condições de solo arenoso e pela influência do mar e estão distribuídos ao longo do litoral brasileiro e por várias partes do mundo. Geomorfologicamente são áreas de depósito arenoso e de sedimentos formado no período quaternário. São ambientes extraordinários, com vegetação rasteira, pontilhada por bromélias e cactos, e apresenta diferentes gradientes de temperatura e de umidade, garantindo grande diversidade. Encontradas em praticamente toda zona costeira do Brasil. A restinga quando preservada facilita o controle, em zonas urbanas costeiras, de espécies com potencial para pragas como cupins, formigas, escorpiões e baratas.
As restingas abrigam diversas espécies de animais, como caranguejos, algumas aves, como o tié-sangue e até a desova de tartarugas marinhas. Apesar de ser considerada Área de Preservação Permanente (APP) devido à sua importância para a manutenção da vida da fauna e da flora locais, a restinga é o ecossistema mais ameaçado da zona urbana no Brasil. Tem, ainda, importância ornamental e paisagística, encontrada nas orquídeas, bromélias e outras epífitas.
Na questão alimentícia, encontraremos o caju, a mangaba, a pitanga, o araçá, entre outras espécies comestíveis.
Caso esta vegetação seja destruída, o solo sofrerá intensa erosão pelo vento, o que ocasionará a formação de dunas móveis, causando riscos para o ambiente costeiro como para a população.
Fauna
Caranguejo, maria-farinha, besourinho-da-praia, viúva-negra, gavião-de-coleira, gafanhoto-grande, barata-do-coqueiro, sabiá-da-praia, coruja-buraqueira, tié-sangue, perereca, jararacuçu-do-brejo, todos estes são alguns dos habitantes da restinga.
 Flora
Algumas espécies características ocorrem na restinga como: Sumaré, aperta-goela, açucena, bromélia, orquídeas, cactos, coroa-de-frade, aroeirinha, jurema, caixeta, taboa, sepetiba, canela, pitanga, figueira, angelim, entre outras espécies.
A ocupação territorial brasileira, irregular e concentrada no litoral brasileiro, transformou áreas naturais e impactou ecossistemas como as restingas, ocasionando a eliminação de grande parte da vegetação natural devido ao acúmulo de lixo, degradação da vegetação próxima ao litoral e aumento da erosão.
As restingas começaram a se formar há milhares de anos pelo recuo do nível do mar, direcionando grande quantidade de areia das plataformas continentais em direção à praia, com isso houve formação das planícies arenosas. Durante o Quaternário as variações no nível do mar ocorreram no mínimo três vezes, expondo e cobrindo áreas litorâneas que hoje formam as restingas.
A vegetação das restingas é influenciada por alguns fatores abióticos, entre os quais se destacam a topografia do terreno, que pode apresentar faixas de elevações (cordões arenosos) e faixas de depressões dependendo dos processos de deposição e remoção de materiais nessas regiões; a influência marinha, que diminui à medida que se avança para o interior e o solo, um importante condicionador e fator limitante da distribuição de formações florísticas. Essas condições ambientais determinam as diferentes fisionomias vegetais da restinga.
 
As principais áreas mais secas são:
Vegetação herbácea ou subarbustiva – vegetação rasteira com alguns arbustos, atingindo cerca de 1 metro de altura. Ocorre próximo ao mar, em praias, dunas, lagunas, banhados e depressões. Essa vegetação é denominada halófila-psamófila (adaptada às condições salinas e arenosas).
Vegetação arbustiva – localiza-se sobre cordões arenosos, formada por plantas arbustivas com até cinco metros de altura, que podem formar moitas separadas por áreas sem vegetação ou um adensamento contínuo. Possui poucas epífitas (liquens, samambaias, bromélias e orquídeas) e elevada quantidade de trepadeiras. É comum a presença de gramíneas no estrato herbáceo.
Floresta baixa de restinga – Ocupa áreas interiores da planície costeira. Vegetação predominantemente arbustiva e arbórea com árvores que podem chegar a 15 metros de altura. Grande quantidade de epífitas e poucas trepadeiras. O dossel é aberto e a flora herbácea é rica.
Floresta alta de restinga – ocorre mais distante do mar, dando sequência à floresta baixa de restinga, em solos bem drenados e com maior quantidade de nutrientes. O estrato é predominantemente arbóreo com dossel fechado e as árvores podem atingir 20 metros de altura.
Nas áreas entre cordões, que são mais baixas e sujeitas a alagamentos, ocorre a Floresta Alta Alagada de Restinga e a Floresta Paludosa, onde predominam espécies vegetais mais adaptadas ás condições de alagamento como a Caixeta e o Guanandi.
A fauna é bastante rica. Muitas aves migratórias utilizam as restingas como locais de alimentação e descanso. Destacam-se o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), a coruja buraqueira (Spyotito cunicularia) e o formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis), ave endêmica de áreas restingas. Mamíferos como o mico-leão-caiçara (Leontopithecus caissara), queixada (Tayassu pecari) e lontra (Lontra longicaudis) também ocorrem. O maria-farinha é um caranguejo comum nas praias arenosas e cava suas tocas acima da área de maré. As tartarugas marinhas utilizam as restingas como locais de desova.
 
A restinga é um ambiente bastante prejudicado pela expansão urbana, que tem transformado extensas matas de restinga em áreas urbanas horizontais. Várias espécies da fauna e flora da restinga brasileira estão em extinção, por isso atualmente a conservação dos remanescentes existentes é prioritária.
MANGUEZAIS
O manguezal é um ecossistema costeiro que ocorre na transição entre a terra e o mar em regiões tropicais e subtropicais do mundo, ocupando ambientes inundados por marés, tais como: estuários, lagoas costeiras, baías e deltas. Esses ambientes são caracterizados, não obrigatoriamente, pela mistura entre as águas doce e salgada. As plantas que compõem o manguezal e dominam a paisagem desse ecossistema são os mangues.
Existem três principais espécies de mangues: mangue vermelho (Rhizophora mangle), mangue preto (Avicennia schaueriana) e mangue branco (Laguncularia racemosa). Essa baixa diversidade se deve às condições desse ecossistema, pois poucas espécies conseguem sobreviver em ambientes com pouco oxigênio, alta concentração de sal e solo instável.
 
Os mangues apresentam adaptações que lhes permitem sobreviver num ambiente com características estressantes como o manguezal. As raízes áreas são adaptações para o solo pobre em oxigênio. Nos mangues pretos e brancos as raízes emergem de baixo do sedimento em direção ao ar, e mesmo durante a maré cheia suas extremidades ficam expostas ao ar possibilitando as trocas gasosas, essas raízes são chamadas pneumatóforos. Já o mangue vermelho apresenta expansões no caule principal contendo lenticelas, que são buracos por onde são feitas as trocas gasosas.
 
Para eliminar o excesso de sal as árvores do manguezal apresentam glândulas em suas folhas, por isso são chamadas plantas halófitas. Para a germinação em ambiente aquático os mangues apresentam uma importante característica: a viviparidade. As sementes germinam ainda presas à planta mãe e são liberadas em um estágio de desenvolvimento chamado propágulo. Os propágulos acumulam grande quantidade de reservas nutritivas, o que permite sua sobrevivência até encontrarem local adequado para sua fixação.
 
O mangue vermelho é a espécie que ocorre em todo gradiente de inundação de um manguezal, para isso essa planta possui raiz escora, na qual diversos ramos emergem do caule e se fixam no solo, dando maior sustentação e impedindo que a planta tombe. As outras espécies de mangue ocorrem em áreas menos inundadas.
 
Manguezal. Foto: saiko3p / Shutterstock.com
Manguezal. Foto: saiko3p / Shutterstock.com
O manguezal possui uma variedade de nichos ecológicos, por isso abriga uma fauna diversificada representada por anelídeos, moluscos, crustáceos, aracnídeos, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Além disso, esse ecossistema funciona como o verdadeiro “berçário da natureza”, pois apresenta condições ideais para reprodução e desenvolvimento de formas juvenis de várias espécies, principalmente crustáceos e peixes. Dentre outras importantes funções dessa vegetação, destaca-se a proteção da linha costeira contra ações erosivas e o fato de ser fonte de renda e alimentos para as pessoas que vivem em seu entorno.
 
Como reconhecimento pela sua importância, os manguezais são considerados hoje Áreas de Preservação Permanente, mesmo assim continuam sendo progressivamente destruídos. A poluição é uma grande ameaça a esse ecossistema, que também sofre com a expansão urbana e industrial. O uso sustentável desse ambiente é fundamental para que ele exerça seu papel ecológico e econômico.
A Importância dos Manguezais
Os ambientes de manguezais são ecologicamente importantes pela sua grande exportação de matéria orgânica para zona costeira, e seu papel fundamental como berçário de diversas espécies locais como de outros habitats. Além de ser uma proteção contra a erosão costeira e estabilizar a linha de costa, o manguezal é uma fonte de renda e alimento para as comunidades que vivem em seu entorno, comprovando assim também seu papel social e econômico. Como reconhecimento pela sua importância em 1965 o Código Florestal definiu que regiões de manguezais são área de proteção permanente.
 
Apesar disso, os manguezais, assim como outros ambientes costeiros, estão sendo progressivamente destruídos. Esse ecossistema é conhecidamente um trapeador de contaminantes, devido aos processos de mistura de água doce e salgada e através de processos físico-químicos, os poluentes (metais pesados e orgânicos) são carreados para o sedimento ficando ali retidos. A poluição é um grande, porém não único, perigo ao qual esse ambiente está submetido. A urbanização nas proximidades, criação de portos, obras de dragagens, instalação de maricultura, dentre outras são atividades que destroem esse habitat. É necessário o uso sustentável desse ambiente para que ele possa exercer seu papel ecológico e continuar como fonte importante de recursos pesqueiros.
 
Referências:
Azevedo, N.H.; Martini, A.M.Z.; Oliveira, A.A.; Scarpa, D.L.; PETROBRAS: USP, IB, LabTrop/BioIn (org.). Ecologia na restinga: uma sequência didática argumentativa. 1ed. São Paulo: Edição dos autores, Janeiro de 2014. 140p.
Alves, J. R. P. Manguezais: educar para proteger. Rio de Janeiro: FEMAR/SEMADS, 2001.
Mendonça, V. L. Biologia: ecologia, origem da vida e biologia  celular, embriologia e histologia. v. 1, 2ª ed. São Paulo: Editora AJS, 2013.
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 08/04/2016
Alterado em 08/04/2016


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