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  DUAS PSICÓLOGAS E UM ESPELHO MÁGICO
Por : Tânia de Oliveira A cena era Telma e Júlia, sentadas uma frente a outra e ambas com o olhar fixo em pontos diferentes do jardim. Havia um silêncio pesado entre as duas amigas de infância. Chegavam a conclusão que sabiam tanto, mas tanto uma da outra que essa intimidade desvelada estava incomodando a ambas.
É que ninguém gosta de ver sua sombra descoberta. E elas se conheciam tão bem que essa nudez deixava entre ambas um clima constrangedor. Os defeitos dos companheiros, as falhas de ambas como mães, como profissionais e o pior que isso,os entraves mais secretos da mente.
Telma era fantasiosa, vaidosa, inteligente, perspicaz. Júlia introspectiva, inteligente dona de uma sensibilidade intuitiva a flor da pele.
Eram amigas desde a infância. Uma sabia todos os segredos da outra. E isso nunca as incomodara. Salvo após fazerem juntas as universidades de Psicologia. Ambas pareciam querer estudar a outra como paciente in loco. No inicio pareceu uma experiência curiosa e ate prazerosa, depois começou a se tornar intrigante... Incômoda... Mas porque seria? Isso elas se perguntavam. O conflito começou quando Júlia argumentou que Telma tinha problemas como baixa auto estima e uma certa inveja de sua irmã mais velha. Queria ajudar, pois aquilo não tinha o menor cabimento. Baixa autoestima leva a problemas mais sérios e inveja era uma coisa sem nexo que deveria ser encarado e resolvido. Aconselhou uma Terapia Dinâmico-Interpessoal com uma Professora de ambas que se mostrava solícita em trabalhar suas ex-alunas.
Júlia nutria uma enorme confiança nas colocações da velha amiga e ficou apreensiva. Começou uma discussão com argumentos que a amiga aprofundava com mais fatos deixando ela em cheque. De repente até meio defensiva Julia foi falando do terrível medo da amiga de se entregar nos relacionamentos amorosos que sempre ficaram a margem da superficialidade. Você tem medo de se entregar ao amor para poder ficar sempre no domínio...confessa amiga!
Isso gerou uma longa discussão se adentrando pela noite mas sempre saia muita lição de vida e ensinamentos depois que relaxavam.
Terminaram combinando a fazer o que elas de antemão já sabiam que não daria certo: Ambas fariam terapia uma com a outra. Deixariam a Professora fora disso.
O grande problema que elas já sabiam, era que amigos não podem ser terapeutas um do outro porque suas ideias condicionadas sobre o outro vão influir no trabalho como um empecilho em adentrar nos mistérios e ardilezas da mente humana.
Foram para a Gestalt, para a Freudiana, deram uma volta em Young e terminaram desistindo das confabulações. Ficaram uma frente a outra como num espelho e decidiram: Juraremos que estaremos sempre juntas quando os primeiros desvios de razão nos desafiar e certamente esse espelho mágico que existe entre nós irá sempre nos ajudar!
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 25/01/2015
Alterado em 25/01/2015 Comentários
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