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Viagem com Tânia por um mar desconhecido...

Textos


O CAMALEÃO

     Eu havia deixado o cavalete na chuva... junto às tintas. É que fiquei com preguiça de ir tirá-lo do terraço após pintar meu flamingo. Mas ouvi o alvoroço no canil, e fui.
     Fiquei estática. Vinha correndo em minha direção sem medo algum, um camaleão enorme com um colorido deslumbrante. Parecia uma aparição do céu. Sem medo chegou perto do cavalete e ficou olhando pra mim. Pisquei ligeiramente o olho pra ver se era sonho. E ele ficou parado me espiando como que esperando uma atitude só pra ele. Eu não sabia o que fazer. Mas minha mania de fotografar me impeliu  a correr pra buscar a camara fotográfica.

     Que frustração a minha ao não ver mais meu visitante. Procurei ansiosa, mas inutilmente. Ao dormir fiquei recapitulando a visão. Procurei no Google uma imagem que chegasse próxima daquele enorme camaleão,  mas nada parecido vi até hoje. Pesquisei sobre a espécie, vi muita coisa inclusive  a diferença entre Camaleão e a Iguana.  Vi, por exemplo, que na Amazônia e na nossa região aqui no nordeste eles são confundidos: camaleão e/ou iguana, e que embora  parecidos eles têm uma espécie diferente. Ambos possuem mais de cem aparências e estilos diferentes. Que todos os camaleões são animais diurnos e se alimentam de besouros e pequenos vertebrados.  Pesquisei mais e vi que em algumas tribos da África ele é considerado um animal sagrado. E por causa de uma historinha de um  livro infantil que  li dei um apelido ao meu camaleão: Agamenon. Dormi com a frustração de não ter dado mais atenção a meu amiguinho.
     Mas o caso não terminou aí. Logo cedo fui com karol minha filha até a Praça São José pra pegarmos uma “van” para o centro da cidade. Qual não foi minha surpresa quando encontrei o “meu” camaleão Agamenon amarrado pelo pescoço sendo puxado por um rapazinho. Corri, conversei, argumentei,  enquanto ele resistente  me dizia que iria “comer ele” com cachaça.      Chegamos a uma negociação enquanto chamávamos  a atenção das pessoas ao redor. Eu sabia que qualquer ameaça minha seria fatal para meu amiguinho. Pedi ajuda ao motorista da Van, o Senhor Valter.  O bom de ser professora em cidade pequena é que todo mundo conhece, respeita e quer bem. Com a ajuda de karol e do Sr. Valter conseguimos retirar a corda do pescoço do Agamenon. Pedi para pararmos na “cabeça” da ponte onde havia um manguezal. Karol segurava ele com uma toalha cedida por Sr. Valter. Em poucos minutos todos os passageiros da Van eram nossos cúmplices.
     Ao chegar ao local procuramos um lugar adequado e soltamos o Agamenon. Ele disparou primeiramente numa carreira desenfreada... e para surpresa nossa que garantiu fortes  aplausos ...ele deu um “breque” voltou-se para nós, ergueu a cabeça, e nos fitou como se estivesse agradecendo e se despedindo. Enchi os olhos de água e karol ficou emocionada.   
      Depois rapidamente
Agamenon adentrou-se nos manguezais e desapareceu na  vida selvagem.

 

Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 21/08/2014
Alterado em 31/08/2022


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