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Viagem com Tânia por um mar desconhecido...

Textos


AMAR OS NOSSOS FILHOS É PERMANECER EM PLENA
COMUNHÃO COM ELES.

 
          Como educadores não possuís noção de importância nem superioridade; sois um ser humano com todos os problemas da vida exatamente do mesmo modo que o educando. No momento em que vos pronunciais a partir de um status desses, estareis na verdade a destruir a relação humana. Qualquer posição, reputação ou categoria implicará poder; e quando, consciente ou inconscientemente vos devotais no seu encalço, penetrais num mundo de crueldade.
        Se não sentirem amor, façam o que quiserem- vão à procura de todos os deuses da terra, participem em todas as atividades sociais, tentem acabar com a pobreza, entrem para a política, escrevam livros, poemas- serão
seres humanos sem vida. Sem amor os vossos problemas aumentarão e multiplicar-se-ão interminavelmente. Se tiverem amor façam o que quiserem e não terão conflito nem correrão risco algum.

     Poderá o menino travesso mudar por meio da punição, ou por ação do amor? Se conseguirmos que ele mude por meio da punição- que é uma forma de compulsão- isso será mudança? Vocês são uma pessoa crescida que detém autoridade como professor ou pai, porém, se o ameaçarem ou assustarem, o pobre garoto poderá corresponder da forma que esperarem; mas isso ainda não será mudança. Será? Poderá haver alguma mudança através de uma qualquer forma de compulsão?
     Poderemos alguma vez instituir a mudança pela legislação ou por qualquer forma de medo? Porém, quando perguntam se o amor poderá produzir mudança no garoto travesso, que pretendem dizer com a palavra amor? Se amar quiser dizer compreender o garoto- compreender as causas que estiverem na base das travessuras ao invés de tratar de o mudar - então, essa mesma compreensão produzirá nele a eliminação do ato. Se quisermos modificar o rapaz de forma que pare de ser travesso, essa mesma ação de o querer mudar será também uma forma de compulsão, não será assim?
     Entretanto, se começar a obter uma compreensão das razões de ele ser travesso, se puder descobrir e erradicar as causas que estão por base dessa travessura- talvez uma alimentação inadequada ou falta de descanso, carência de afeto, o facto de estar a ser gozado por um colega, etc. , então o garoto deixará de ser travesso. Contudo, se o nosso desejo se centrar meramente na pretensão da mudança- o que significa uma preocupação por enquadrá-lo dentro de um determinado padrão- então não seremos capazes de o compreender.
     Isto suscita a questão do significado da mudança, compreendem? Mesmo que o garoto cesse de ser travesso por ação do vosso afeto, isso será ainda uma mudança verdadeira? Pode tratar- se de afeto, mas ainda constituirá uma forma de pressão exercida sobre ele com a finalidade de que faça ou se torne algo. Que queremos dizer quando referimos que o garoto deve mudar? Mudar do quê, e para o quê? Do que ele é para aquilo que deveria ser? Se ele mudar para aquilo que deve ser não significará que ele mudou meramente aquilo que era (o que não refere mudança absolutamente nenhuma ?
     Ou, para colocar a questão de outro modo: se eu sentir cobiça e me tornar isento de cobiça porque vós, a sociedade e os livros sagrados me dizem que devo ser assim, será que eu mudei ou estarei a tratar a cobiça por um outro nome?      No entanto, se for capaz de investigar e puder compreender toda a questão da minha cobiça, então serei livre dela- o que é completamente diferente de me tornar isento de avidez;

 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 28/03/2016


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