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O Transtorno do Pânico numa Perspectiva Junguiana
Por: Paula Medeiros
 
Acredito que o palestrante, por ter como referencial a psicologia analítica, abordará o tema a partir de reflexões sobre a imagem mítica de Pã (donde se origina a palavra pânico) e sobre os significados de sua aparição em nossa psique, com suas consequências positivas e negativas.
O mundo civilizado é totalmente estranho a Pã, o deus grego da Natureza em toda a sua extensão (pan, em grego, significa "tudo", "totalidade", daí o termo, por exemplo, pan-americano). Ele, que era portador de aspecto animalesco, com chifres e pernas de bode, morava em cavernas e vagava pelas profundezas das florestas, entre morros e colinas da montanhosa Grécia. Em suas andanças, se divertia caçando animais selvagens, assustando os viajantes e assediando inescrupulosamente as ninfas. Os que precisavam cruzar as florestas e campos, principalmente à noite, eram tomados por um medo paralisante, temiam assustadoramente a possibilidade de encontrar o irreverente Pã. É dele o domínio da natureza e dos instintos e sua simbologia está ligada ao corpo, à sexualidade, à agressividade e a todos os aspectos que estão mais distantes da identidade consciente, e que por isso mesmo são tão assustadores quando emergem.
Falar psicologicamente de Pã, que foi rejeitado e abandonado por sua mãe logo ao nascer devido à sua estranha aparência, é falar da sombra, dos conteúdos que foram rejeitados pela consciência por serem aparentemente perigosos e "feios". Vale ressaltar que enquanto expressão da totalidade da natureza, Pã contém, em si, aspectos negativos e positivos. Assim sendo, apesar de temido, era conhecido como um deus alegre e amante da música, protetor de rebanhos e pastores
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Abordar o Transtorno do Pânico numa perspectiva junguiana é reconhecer que a aparição de Pã em nossas vidas está relacionada com a existência de aspectos da sombra não integrados, aquela porção de nossa totalidade que habita as profundezas do inconsciente e que pode, diante da iminência de ressurgir em solo consciente, nos levar ao pânico. É reconhecer que a rigidez (de ideias, princípios, atitudes) que até então norteava com segurança nossa andança pelos vales e montanhas da vida pode se tornar tão excessiva e unilateral que, num movimento de compensação, o imoral Pã ("personificação" da sombra) é chamado em cena. 

Apesar de ter apresentado apenas um esboço sintético e superficial de uma possível leitura do Pânico sob a ótica da psicologia analítica, considero ampla, rica e profunda a contribuição junguiana ao tema. Não sei se a palestra caminhará pelos significados psicológicos de Pã e seu mito, mas participarei do evento e possivelmente postarei o conteúdo abordado.
Paula Medeiros
Enviado por Tânia de Oliveira em 08/09/2014
Alterado em 12/05/2017


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